Os sistemas de arquivos armazenam as informações em disco utilizando blocos de dados de tamanho fixo (1Kb, 2Kb ou 4Kb). Contudo, os arquivos em um disco podem ter os mais variados tamanhos, dependendo do seu conteúdo. Desta forma, raramente o tamanho de um arquivo é múltiplo do tamanho de um bloco, o que impede seu armazenamento ideal. Sendo assim, é comum que o último bloco associado a um arquivo não seja totalmente utilizado por ele, permitindo que dados excluídos deste e de antigos arquivos possam ser capturados e analisados.
A figura abaixo ilustra um bloco de 4 Kb com um slack space com mais de um setor de 512 bytes:
Isso não significa dizer que os slack spaces são espaços livres para armazenamento de dados de forma convencional. Os blocos que contém slack spaces são marcados pelo sistema operacional como utilizados e somente serão sobrescritos pelo sistema de arquivos caso o arquivo que o ocupa for expandido. Para o armazenamento, detecção e recuperação de informações em slack spaces, é preciso utilizar ferramentas especializadas, como por exemplo o bmap para sistemas de arquivos ext2/ext3 ou o slacker para NTFS. Essas ferramentas são necessárias pois o sistema operacional ignora as informações armazenadas em slack spaces, uma vez que não há alteração aparente no checksum ou no MAC Time dos arquivos envolvidos.
Bmap
Bmap é uma ferramenta forense que pode ser obtida de forma gratuíta. Após sua compilação, podemos ocultar ou recuperar alguma informação e/ou arquivo de forma bem simples.Em primeiro lugar, devemos identificar algum arquivo já gravado que possua slack space. O comando abaixo exibe a espaço utilizado (277 bytes) pelo arquivo /etc/hosts e seu espaço livre (3819 bytes).
[root@grego ~]# bmap --mode slack /etc/hosts getting from block 2148457 file size was: 277 slack size: 3819 block size: 4096Sabemos que o arquivo
/etc/hosts
possui 3819 bytes de espaço livre para
armazenar informações. Antes de armazenar alguma informação no slack space,
vamos extrair o checksum do arquivo:
[root@grego ~]# md5sum /etc/hosts b0627774adcc1129143b2d1d08ecd133 /etc/hostsVamos extrair também as informações de MAC Time do arquivo, para compararmos com após a ocultação das informações:
[root@grego ~]# stat /etc/hosts File: `/etc/hosts' Size: 277 Blocks: 16 IO Block: 4096 regular file Device: fd00h/64768d Inode: 2131987 Links: 1 Access: (0644/-rw-r--r--) Uid: ( 0/ root) Gid: ( 0/ root) Access: 2009-10-29 01:54:10.000000000 -0200 Modify: 2009-09-18 12:55:16.000000000 -0300 Change: 2009-09-18 12:55:16.000000000 -0300Podemos ocultar um texto, binário ou imagem usando o pipe para direcionar a saída do comando para o programa bmap. O exemplo abaixo ilustra a ocultação de um texto simples:
[root@grego ~]# echo "Hello World" | bmap --mode putslack /etc/hosts getting from block 2148457 file size was: 277 slack size: 3819 block size: 4096Podemos confirmar que o MAC Time e o checksum não foram alterados:
[root@grego ~]# md5sum /etc/hosts b0627774adcc1129143b2d1d08ecd133 /etc/hosts [root@grego ~]# stat /etc/hosts File: `/etc/hosts' Size: 277 Blocks: 16 IO Block: 4096 regular file Device: fd00h/64768d Inode: 2131987 Links: 1 Access: (0644/-rw-r--r--) Uid: ( 0/ root) Gid: ( 0/ root) Access: 2009-10-29 01:54:10.000000000 -0200 Modify: 2009-09-18 12:55:16.000000000 -0300 Change: 2009-09-18 12:55:16.000000000 -0300Para listar o conteúdo armazenado no slack space de um arquivo, o comando abaixo pode ser executado:
[root@grego ~]# bmap --mode slack /etc/hosts getting from block 2148457 file size was: 277 slack size: 3819 block size: 4096 Hello WorldPara apagar o conteúdo armazenado no slack space, preservando o conteúdo original de um arquivo, o comando abaixo pode ser executado:
[root@grego ~]# bmap --mode wipe /etc/hostsPara identificar se um arquivo têm seu slack space utilizado, podemos utilizar o comando abaixo:
[root@grego ~]# bmap --mode checkslack /etc/hosts /etc/hosts does not have slack
Conclusão
A análise de informações extraídas das áreas não acessíveis através de um sistema de arquivos é, na maioria das vezes, um processo tedioso e demorado já que esses dados geralmente constituem um fluxo de bits sem estrutura alguma aparente. Porém, com o uso de ferramentas adequadas, pode-se obter bons resultados no processo investigativo.Espero que isso não seja mais "grego" para você!!
Fonte:http://www.dicas-l.com.br
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